O Instituto de Odivelas (Infante D.
Afonso) foi fundado pelo Infante D. Afonso Henriques, (1865 - 1920),
Duque do Porto e Condestável do Reino, a 14 de janeiro de 1900.
A cerimónia de inauguração oficial foi
presidida pelo Rei D. Carlos e contou com a presença da Família Real e
de individualidades civis e militares. O ato oficial, com a assinatura
do termo de inauguração, seguido de festa e de jantar, teve lugar no
casa dos condes de Mossâmedes, na Estrada da Luz, em Lisboa. Igualmente
ali, na chamada Casa da Luz, funcionou provisoriamente a
escola, com 17 alunas, enquanto decorreram as obras no edifício do
antigo Mosteiro de Odivelas. Em novembro de 1902, o Instituto Infante D. Affonso passou a funcionar nas instalações renovadas.
1. Da “iniciativa simpática” à inauguração.
Em 1898, um grupo de oficiais do
Regimento n.º 1 de Infantaria da Rainha (D. Maria Pia) teve, de acordo
com o jornal O Século de 27 de fevereiro, “uma iniciativa sympatica
[e se] lembrou da fundação de um collégio para a educação das filhas de
oficiais, nos mesmos termos do collégio militar”.
Também segundo a imprensa da época, “Foi
um capitão d’esse regimento, o senhor Alfredo António Alves, quem
alvitrou a fundação de um estabelecimento, analogo ao Colegio Militar,
para educação e instrucção de filhas de officiaes, o qual, alem dos
indispensáveis conhecimentos litterarios, desse ás educandas uma
profissão honesta e em harmonia com a profissão dos paes.” E mais adiante: “…
foi uma commissão solicitar da rainha D. Maria Pia, e de seu filho o
infante D. Affonso, o patrocínio dos seus nomes e da sua influencia para
a instituição nascente”. (Almanach Bertrand de 1903).
Entretanto, iniciaram-se os trabalhos
preparatórios com a formação da Comissão Executiva, presidida pelo
Infante D. Afonso, com vista à elaboração das bases dos Estatutos e à
organização económica da futura instituição de ensino.
Ainda em 1898, a 4 de junho, a Rainha D.
Maria Pia e o Infante D. Afonso visitaram o Mosteiro de Odivelas,
edifício pedido ao Ministério da Fazenda para casa do futuro
estabelecimento militar de ensino. Tal pedido acontecera dias antes, num
ofício datado de 27 de maio onde o Infante D. Afonso indicava: “… edifício que muito convem seja o Convento de Odivellas, que magnificamente se presta aquelle fim." (Arquivo Histórico das Finanças – Institutos Religiosos, Freiras).
Por Decreto de 30 de maio de 1834 tinham
sido extintas as Ordens Religiosas em Portugal e os bens dos mosteiros e
conventos, quer masculinos, quer femininos, tornaram-se “bens da Fazenda Nacional”,
ou seja, património do Estado. Em 1886, com a morte da última abadessa,
o Mosteiro de Odivelas foi incorporado na Fazenda Nacional. Finalmente,
a 6 de agosto de 1902 seria lavrado o auto de entrega do antigo
convento, incluindo a propriedade rústica “Valle das Flores”, ao Instituto Infante D. Afonso.
A 9 de março de 1899, o Rei D. Carlos aprovou o Estatuto do Instituto Infante D. Afonso. Eis um excerto do seu Artigo 2º:
“Sob a protecção
de Suas Magestades e Altezas é criado um colégio para instrução e
educação de filhas (…) de oficiais combatentes e não combatentes da
armada e dos exercitos do reyno e do ultramar, com a finalidade, (…) de
dar as alunas a necessaria educação moral e religiosa, uma instrução
geral e, alem disso, a instrução profissional que possa, de futuro,
criar-lhes os precisos meios de subsistência.” (Ordem do Exército n.º 2 – 9 de março de 1899).
A criação do Instituto Infante D. Afonso
teve, inicial e especialmente, como finalidade instruir e educar órfãs
filhas de oficiais mortos em combate ou por doença. Com esse propósito
fora, igualmente, criado o Real Colégio Militar, em 1803. Em França, já
anteriormente, em 1807, tinha sido criado um colégio em Saint-Denis,
próximo de Paris, a Maison d’ Éducation de La Légion d’Honneur, destinado às filhas dos oficiais franceses da Légion d’Honneur.
Os estatutos do colégio francês serão
estudados e constituirão uma das fontes para a redação dos primeiros
Estatutos do Instituto Infante D. Afonso. De referir que desde 1977, o
IO e a MELH mantêm um intercâmbio anual, cultural e de línguas.
No dia 14 de janeiro de 1900
nasceu o Instituto Infante D. Afonso. O Conselheiro e General Luiz
Augusto Pimentel Pinto foi o seu primeiro Diretor, (de 14 de janeiro de
1900 a 14 de outubro de 1911), e Albertina Lopes de Assis Gonçalves foi a
Aluna nº 1.