sábado, 26 de dezembro de 2009

Sara Afonso(1899-1987)

Sara Afonso(1899-1987)
Pintora e ilustradora portuguesa teve uma participação impar na vida artística dos anos trinta, embora se não possa dissociar a sua vida da do seu marido, José de Almada Negreiros.
Sara, nasceu em Lisboa numa família burguesa, filha de um oficial do Exército e de Alexandrina Gomes Afonso. Passou a infância no Minho, que a viria a inspirar em temas populares de grande beleza e ingenuidade. Em 1924, ainda solteira, partiu sozinha para Paris, depois de ter tido lições com o pintor Columbano Bordalo Pinheiro.
Paris foi uma experiência determinante, então também a cidade de Picasso e Hemingway. Ali expôs com sucesso no Salon d'Automne.
Regressou a Portugal e, à sua custa, voltou para Paris entre 1928 e 1929, trabalhando no atelier de uma modista fazendo croquis de moda, gosto que lhe ficou, tendo colaboraria mais tarde com desenhos de moda para revistas portuguesas. Sara Afonso de regresso a Lisboa seria a primeira mulher a frequentar o café A Brasileira do Chiado, então exclusiva do sexo masculino.
Contemporânea de Bernardo e Ofélia Marques, Carlos Botelho e outros. Era previsível que havia de casar com um pintor. Participou no primeiro Salão de Artistas Independentes em 1930.
Casou aos 35 anos com José de Almada Negreiros. Sara Afonso conciliou a sua vida de mãe de família e de pintora. Fez uma exposição individual, em 1939 e participou na Exposição do Mundo Português, em 1940. Em 1944 recebeu o Prémio Sousa Cardoso.
Em 1953 integrou a delegação portuguesa à Bienal de São Paulo. Não deixou de pintar até quase ao fim dos seus dias. Fez retrospectivas dos seus trabalhos em 1953, 1962, 1975 e 1980. Sara Afonso dedicou especial atenção às festas populares e às tradições portuguesas em cores doces e luminosas. Por ocasião do centenário do seu nascimento, em 1999, realizaram-se exposições comemorativas em Viana do Castelo e Porto. 
 
 
Sarah Afonso (1899-1983): Casamento na aldeia; óleo s/tela
Sarah Afonso gostava de pintar cenas que se lembrava da sua infância no Minho. Pintava com cores alegres e vivas procissões e festas, com tanto cuidado e pormenor que não se esquecia das flores, das rendas, dos bordados, da banda da música e dos carros de bois. Lembrámo-nos desta pintura, é tão bonita!













 

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Maria Amália Vaz de Carvalho: «A mulher é um poder...»

Maria Amália Vaz de Carvalho





















Escritora e poetisa, Maria Amália Vaz de Carvalho nasceu em Lisboa no dia 1 de Fevereiro de 1847 e faleceu, com pouco mais de 74 anos, no dia 23 de Abril de 1921. Casou com o poeta parnasiano de origem brasileira, Gonçalves Crespo, com quem colaborou intensamente na actividade política e literária.

Senhora de uma larga e profunda cultura e de um agudo sentido de intervenção, foi criadora de uma obra vasta e diversificada. O seu talento abrangeu a poesia, a ficção, o ensaio, a epístola, a crónica, a crítica literária, a biografia e o jornalismo.

Como intelectual e artista, conviveu com muitas figuras das letras portuguesas, destacando-se os nomes de Camilo, Eça, Ramalho Ortigão, António Cândido, Sousa Martins, Conde de Sabugosa, Junqueiro. Escreveu e publicou, com regularidade, variadíssimas obras das quais destacamos: "Uma Primavera de Mulher", "Arabescos", "Mulheres e Crianças", "Contos para os nossos Filhos" (em colaboração com Gonçalves Crespo), "Cartas a Luísa", "Cartas a uma Noiva", "As nossas Filhas - Cartas às Mães", "Cenas do Século XVIII em Portugal" e "A Vida do Duque de Palmela", considerada a sua melhor obra.


Quer na sua actividade literária, quer como conferencista, Maria Amália Vaz de Carvalho evidenciou sempre uma personalidade voltada para os aspectos sociais e pedagógicos, os quais, aliás, bem caracterizam a intelectualidade da sua época. Espírito aberto e emancipado, preocupa-a a educação e a integração social dos cidadãos. Debruça-se e bate-se, particularmente, pelo que hoje chamaríamos a "condição feminina".


"A mulher é um poder, é preciso aproveitá-la na obra comum da civilização". Esta frase resume, claramente, o pensamento que norteou a sua acção neste campo. Isso mesmo foi reconhecido pelo governo republicano que, em Março de 1918, data em que se comemoravam os seus 50 anos de actividade literária, determinou que Maria Amália fosse homenageada em conferências que revelassem o carácter eminentemente educativo da sua obra.